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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Egum: Amigo ou Inimigo?

Certamente não é comum se ouvir que um egum possa ser amigo de alguém. Com um pouco de boa vontade e uma doutrina adequada poderemos ver que é possível sim enxergarmos um egum como um amigo. Tudo dependerá da postura e do ponto de vista do médium umbandista.

Importante, antes de mais nada, lembrar que um espírito que denominamos egum, é aquele que desencarnado ainda encontra-se preso ao plano espiritual. Caso precise, basta pesquisa rápida na web e não lhe faltarão informações que se aprofundam mais nos detalhes a respeito desta gama de espíritos.

Quero nesta oportunidade destacar alguns fatores que, depois de anos de observação e estudos, me levaram a acreditar que uma obsessão pode ser muito mais o fruto de algum tipo de descuido por parte dos encarnados, do que ação deliberada por parte destes espíritos irmãos sofredores. Também não vou me debruçar em discorrer a respeito dos processos obsessivos sofridos por pessoas de fora da nossa religião. Sendo assim, vou falar diretamente com aqueles que labutam nas correntes mediúnicas de Umbanda.

Em primeiro lugar, precisamos entender que a mediunidade, em qualquer estágio do seu desenvolvimento, é como lâmpada acesa na escuridão que atrai toda sorte de insetos e outros animais, onde uns apenas ficam voando ao redor da luz, enquanto outros se aproximam de forma sorrateira em busca de alimento para a sua subsistência. Assim é o médium, que traz em sua mediunidade a luz (energia) que serve, dentre outras coisas, de porto seguro para certos espíritos ou mesmo de alimento para outros.

Ao médium, cabe zelar pela boa vibração de sua mediunidade, ou seja, dar à ela níveis vibracionais que possibilite ajudar de maneira eficaz tanto os irmãos encarnados quanto os desencarnados. Muitos se esquecem ou mesmo desconhecem que o trabalho caridoso que a Umbanda oferece através da nossa mediunidade não pode e não deve estar apenas a disposição dos que vivem na carne. A ajuda mediúnica é via de duas mãos, atende os dois planos - o material e o espiritual - e sempre de forma indistinta e igualitária.

Uma vez compreendido este conceito, poderemos verificar então quais os fatores que influenciam a atração de um egum para junto do médium e, ao final, descobrir como é possível transformar em amigo um espírito que é visto erroneamente, na maioria das vezes, como inimigo.

Se o médium é como lâmpada acesa na escuridão, não é certo achar que a sua luz é vista e compreendida sempre da mesma forma pelos espíritos. Seguindo este pensamento, é hora de verificarmos, pela ótica de um egum, como ele enxerga, compreende e se utiliza desta energia em forma de luz.

Para que um egum consiga permanecer ligado ao mundo terreno, ele necessita da energia vital do médium. Energia vital, apenas para esclarecer, é a chamada energia da vida ou, a energia que anima a nossa matéria para que esta interaja na materialidade (plano material). Esta energia, apesar de gerada no nosso perispírito, concentra-se no nosso corpo carnal, sendo aí que entra a mediunidade, pois será através dos canais mediúnicos do médium que o egum terá acesso a  sua energia vital, quando esta, por sua vez, lhe servirá de alimento energético. Assim, podemos dizer que este é o mistério que dá as condições necessárias para que um espírito desencarnado permaneça junto do plano terreno.

Eis aqui alguns dos principais fatores que abrem os canais mediúnicos do médium e que permitem o "ataque" de um egum:
- O uso de drogas;
- Ingerir bebida alcoólica que não de modo social;
- A prática do sexo 24 horas antes de qualquer sessão mediúnica ou ainda o sexo promíscuo;
- Não tomar banhos de descarrego (descarga) regularmente e principalmente nos dias de sessão;
- Não aceitar a Umbanda como uma nova filosofia de vida e assim continuar agindo como agia antes de entrar para a religião;
- Fazer da mediunidade moeda de troca, explorando financeiramente aqueles que se encontram fragilizados, seja emocionalmente ou mesmo espiritualmente;
-  Alimentar sentimentos negativos como a vaidade, a inveja, a arrogância e etc.

O médium que tenha em seus requisitos uma ou mais das características acima citadas, certamente estará se colocando a mercê da ação de um egum. É aquele que ao término de uma sessão sai reclamando de dores nas costas, dores de cabeça ou mesmo náuseas. Diz que pegou carga deste ou daquele, que o trabalho foi muito carregado, vive tendo pesadelos, sente-se desanimado e reclama que os Guias não lhe dão solução para os problemas da vida. O terreiro é fraco e seu dirigente pior ainda. Enfim, não se dá conta que o que está lhe causando tantos aborrecimentos é na verdade fruto das atitudes e pensamentos desajustados que adota na vida, dentro e fora do terreiro. 

E agora, ainda podemos para considerar egum como inimigo do médium, ou podemos afirmar que o médium é o seu próprio inimigo? Na verdade o que estes espíritos esperam do médium é que ele lhe ajude, mostre como deixar este plano e que lhe ofereça uma outra luz ou energia que não a sua, suja e viciada. Como citei anteriormente, a caridade é uma via de duas mãos. O egum de hoje, poderá perfeitamente ser o preto velho, o caboclo ou o exú de amanhã. Para isso, ele precisa encontrar um médium que lhe compreenda e lhe ofereça o auxílio necessário, do contrário, a única coisa que lhe restará será continuar se alimentando da sua energia vital, afinal, ele precisa se manter "vivo" até que o auxílio verdadeiro lhe seja dado.
Mas então, o que é preciso para que o médium esteja apto para dar orientação auxiliadora para este tipo de espírito sofredor? Sem nenhuma dúvida e com a mais absoluta certeza do que vou dizer: Frequentar uma Casa que ofereça em abundância a doutrina religiosa de Umbanda. Quando ele estiver frequentando um local assim, certamente entenderá melhor este e tantos outros mistérios contidos na doutrina umbandista. Se sentirá seguro e no tempo certo poderá ajudar os mais necessitados, deste e de outros planos do universo Divino. Aquele que atingir este grau de evolução, nunca mais verá um egum como um inimigo, mas como um amigo em potencial, que está apenas em um sono profundo vivendo alguns de seus piores pesadelos. 

Ama-o como a ti mesmo!

Que Oxalá encontre cada um.

 Por: Pai Alberto de Oxalá. 

2 comentários:

  1. Benção Pai Alberto, muito bom e esclarecedor o texto, muito válido a reflexão "podemos para considerar egum como inimigo do médium, ou podemos afirmar que o médium é o seu próprio inimigo?", acredito que sim, na maioria das vezes somos nossos próprios inimigos, talvez seja por isso a importância de estarmos sempre buscando aprimorar a nossa reforma intima para podermos deliberar de energias que ajudem nossos irmãos a seguirem um caminho melhor, reforma intima que na maioria das vezes não é nada fácil de botar em prática. Outro ponto que vale ressaltar que foi comentado no texto é sobre o que é preciso fazer para poder auxiliar esses irmãos sofredores, concordo que devemos frequentar uma casa de Umbanda, bastante estudo, doutrinação e esclarecimento, faço uso desse último argumento para equiparar um paralelo de como devemos nos comportar no mundo material, devemos estar sempre dispostos a ouvir e entender o desconhecido sem nenhum julgamento, e se for nos permitido e solicitado fazer o bem sem olhar a quem. Fique na paz de Oxalá.

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    1. O trabalho na Umbanda é maravilhoso para os que compreendem sua missão e as consequentes responsabilidades que isso implica. Quando fazemos tudo com muito amor e boa vontade, o trabalho torna-se fácil e prazeroso. No entanto, para aqueles que assim não compreendem e agem, qualquer tarefa se torna desconfortável.

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