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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Não Tirem as Ferramentas dos Doutores e das Doutoras

Todos aqueles que nos acompanham aqui nesta página, sabem muito bem que a doutrina é e sempre será nossa prioridade número um. Isso se deve a necessidade que os médiuns, principalmente os iniciantes, sentem de receber informações que lhes sejam esclarecedoras e que sirvam de base sólida para o seu desenvolvimento mediúnico e, bem como, para a compreensão do que seja a Umbanda, a mediunidade e o que significa ser um verdadeiro umbandista. Foi exatamente este anseio entre os médiuns de Umbanda que nos fez criar o CEDU - Centro de Estudos e Desenvolvimento Umbandista. Não pretendemos com este projeto recriar ou mesmo criar uma nova Umbanda, até porque isso seria impossível, porém, nada nos impede de trazer a luz do conhecimento alguns assuntos que muitos dirigentes, seja por ignorância ou pelo simples fato de desconhece-los, preferirem privar os médiuns de tais ensinamentos.

Baseado em nossa linha de trabalho, ou seja, o doutrinamento, faço algumas observações que julgo importantes, visto que, ultimamente, algumas Casas estão abolindo o uso de bebidas alcoólicas em seus rituais durante as giras, principalmente nas de Quimbanda. Olhando rapidamente nos parece ser esta uma atitude sensata, já que não é difícil verificar que durante algumas incorporações alguns médiuns acabam influenciando a entidade - exú e pomba gira - a beberem mais que o necessário, deixando, em alguns casos, o médium visivelmente alterado assim que a entidade sobe. Este certamente é um aspecto que causa estranheza e perplexidade por parte dos que ali se fazem presentes no momento, principalmente os que vem em busca de caridade.

Abolir ou não o uso de bebidas alcoólicas é um ato que deve ser muito bem pensado pelo dirigente de Umbanda, uma vez que do álcool é substância essencial utilizada pelas Entidades, principalmente as de Quimbanda, para desfazer, desmanchar ou desagregar energias negativas do baixo astral e bem como formas pensamento. Na alquimia, o álcool é considerado o 5ª essência dos elementos, servindo para desagregar e separar a substância etérea ao mesmo tempo que estabiliza os padrões mental e de consciência do ser humano.

Quando utilizada a bebida alcoólica no trabalho de Umbanda (direita), esta serve como acelerador do processo de extrair as essências que ali se encontram como erva, flores e também das pessoas, transformando estas essências em padrões elevados de energia conforme a necessidade do ambiente ou ainda daquele que está sendo atendido pela Entidade. 

Nos trabalhos de Quimbanda (esquerda), os elementos que ali estão são muito mais densos e compactados, exigindo muito esforço por parte das Entidades para transformar e extrais estes fluídos. E é por esta razão que Exús e Pomba-Giras fazem o uso do álcool em seus rituais magísticos quando incorporados. Podemos dizer ainda que todas as vezes que uma Entidade pede para que se beba da sua bebida, que esta é uma forma muito eficaz que ela se utiliza para "entrar" com sua energia no interior das pessoas, desmanchando miasmas interiores e energizando nosso organismo, fazendo do álcool uma espécie de duto de ar que por um lado faz entrar o oxigênio para o nosso corpo físico e astral e por outra extremidade retira o gás carbônico que intoxica e mata.

Poderia ainda dizer que o álcool desde a sua essência, ou seja, ainda em forma de planta (cana, cevada, uva, etc.) até o fim de seu processo de fabricação, tem nele todos os quatro elementos, ou seja: TERRA, ÁGUA, AR E FOGO. Portanto, não é nada absurdo dizer que se olharmos uma bebida alcoólica pelo aspecto magístico, a mesma é muito mais completa que a água.

Poderíamos ficar aqui escrevendo durante horas  a respeito da bebida alcoólica e seu uso nos rituais de Umbanda, visto que, o que até aqui escrevemos é apenas uma parcela da sua importância e significado dentro do Ritual Sagrado de Umbanda. No entanto, não é esta a minha intenção. Como disse, estão proibindo o uso de bebidas alcoólicas nos trabalhos de terreiro, coisa que eu, particularmente, tenho minhas restrições. Explico: Proibir por proibir é uma forma de fugir da responsabilidade, seja de educar (doutrinar os médiuns) ou mesmo de doutrinar um exú ou uma pomba-gira que esteja se excedendo. Cabe lembrar que estas Entidades são como nossos espelhos, portanto, se o médium faz uso excessivo do bebida alcoólica no seu dia a dia, muito provavelmente as suas entidades também o farão. Mais uma vez podemos observar que neste caso é muito mais uma questão de orientação do que qualquer outra coisa.

É muito bonito dizer que na minha Quimbanda não usamos mais bebidas alcoólicas, mas o Caboclo continua bebendo, o Xangô idem, o Baiano e o Boiadeiro também. Então, cadê a coerência? Lembrando que estas entidades se utilizam do álcool com a mesma finalidade que as entidades de Quimbanda, diferenciadas apenas pela densidade e complexidade das energias que cada uma movimenta.

Lembramos ainda que qualquer mudança dentro do Ritual Sagrado de Umbanda, e eu disse Sagrado, não dependerá apenas da minha vontade, mas sim e principalmente se realmente os Mentores da Casa tem seus próprios motivos para faze-lo. Alguns dirigentes estão agindo como se fossem donos ou criadores da Umbanda, quando na verdade não são se quer donos da própria Casa de Santo que dirigem, pois, os verdadeiros donos são os Orixás Sagrados e as Entidades de Luz que ali estão representando-Os.

Seguindo esta lógica, entendamos que o uso ou não disto ou daquilo, partirá sempre da Entidade, seja lá por que razão. Pode, por exemplo, que o dirigente da Casa esteja doente e neste caso é normal que as suas entidades deixem de fazer uso não apenas da bebida mas também do tabaco. Como podem ver, é uma questão individual. Dai, porque os guias do dirigente não mais usarão álcool e fumo quando incorporados querer que todos os demais médiuns da Casa façam o mesmo com suas entidades, me perdoem, não dá pra engolir. Cada um com seu nível de consciência ou necessidade. O que é necessário para um não é necessariamente para o outro.  

Vejam, posso trabalhar com quatro exús e amanhã um deles deixar de fumar e/ou beber. Ai a questão diz respeito apenas a este exú. Não é por isso que os outros três serão obrigados a fazer o mesmo. De igual forma, posso nunca ter feito o uso da bebida ou fumado em minha vida, no entanto, isso não impede ou mesmo proíba que meus Guias fumem e bebam. Já, quanto a quantidade, ai sim, caberá ao dirigente da Casa educar, disciplinar, orientar, doutrinar os seus médiuns quanto do por que do uso destas ferramentas por parte das Entidades, sua importância dentro do nosso ritual e da responsabilidade que todo médium de Umbanda deve ter com a sua matéria quando fizer uso destas substâncias. MÉDIUM DOUTRINADO, ENTIDADE FIRME.

Falamos hoje apenas da ferramenta álcool, mas poderíamos falar do cigarro, do palheiro, do cachimbo, do ponteiro, da pemba, das conchas, das pedrinhas, das flores, das ervas, das guias e colares, das facas, dos punhais, das espadas, dos agogôs, dos atabaques, das vestimentas, das águas, etc, etc, etc... Você não consegue perceber que tudo isso são ferramentas de trabalho dos Orixás e Entidades de Umbanda? Que tudo isso é utilizado nos rituais magísticos em benefício da caridade pura e verdadeira? Não é mais correto doutrinar os médiuns de sua corrente ao invés de seguir modismos estapafúrdios e desagregadores das correntes fluídicas do Alto Astral? Cuidado! Retirar uma ferramenta das mãos de um médico pode ser perigoso, tanto para quem a retira quanto para os que precisam de socorro imediato.

Não sabe como educar seus médiuns ou não consegue disciplina-los dentro do ritual de nossa religião? Deixe de lado o seu orgulho, ninguém nasceu sabendo ou já aprendeu tudo que deveria. Seja humilde e busque ajuda, afinal, a humildade é o lema do verdadeiro umbandista. Sabe das coisas mas seu egoísmo lhe impede de passar adiante o que aprendeu de graça com os Guias? Bem, neste caso, lamento, você certamente está no lugar errado e não poderia ainda estar a frente do comando de uma Casa de Umbanda. Pare de se enganar e de enganar os outros.

Por tudo isso, fica aqui o meu apelo: Deixem Eles trabalharem!

Fiquem todos na Paz e na Luz de Zambi.

Pai Alberto.

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